A história que hoje aqui trazemos é uma lenda criada pelos colonos europeus na Namíbia sobre a Costa dos Esqueletos e que está interiorizada nas culturas e folclore deste país. É também uma prova de que, onde quer que vamos, podemos influenciar os outros durante gerações. Se as histórias são verdadeiras, tal e qual como aconteceram, ou se foram acrescentados alguns pormenores para a tornar mais empolgante não sabemos. Mas somos seres humanos, e sabemos o quanto gostamos de agradar o próximo.
Afinal, as histórias fazem parte de nós desde que começámos a comunicar uns com os outros. A necessidade de contar histórias, e principalmente de as partilhar – sem a sua partilha, deixa de ser uma história – é provavelmente aquilo que nos separa dos animais. Histórias são padrões reconhecíveis, valores ou lições. Mas o que fazem as histórias terem a importância que têm e o fascínio que nós temos por elas, desde tempos imemoriais? Pois bem, elas têm significado e ajudam-nos a dar um sentido à nossa realidade do mundo e das nossas vidas. Contar histórias é partilhar esta compreensão uns com os outros.
A Lenda da Costa dos Esqueletos
Há muitos e muitos anos, um estranho destino atingiu dois homens que vagueavam pela Terra dos Diamantes, hoje conhecida como Namíbia
Segundo reza a história, os únicos sobreviventes de um naufrágio foram salvos por uma costa rochosa, cheia de conchas incrustadas, mas que lhes arranharam as mãos à medida que se arrastavam por cima delas para chegarem à segurança da terra seca. Depois de descansarem um pouco, começaram a andar em direcção ao interior dos vales e montanhas que se encontravam ao longo de toda a costa. Mas não por muito tempo, pois a encosta rochosa que os recebeu rasgou também a pele dos seus pés, e por isso foram obrigados a parar e dormir.
Quando a manhã chegou e o brilho do sol iluminou o lugar onde se encontravam, viram que os vales e montanhas eram enormes dunas douradas. Um deserto, foi afinal o que os acolheu.
À medida que o sol subia mais alto, milhões de luzes refulgiam à luz do sol projectadas pela areia dourada do deserto, toldando os olhos destes dois marinheiros. Mas a luz intensa fez os marinheiros esfregarem os olhos e perguntarem-se: O que serão estas luzes? Serão mais conchas que arranham a pele? Ou serão as estrelas da noite anterior que caíram do céu?
Nem uma coisa nem outra! De repente aperceberam-se e viraram-se um para o outro, gritando em uníssono: “Diamantes!”. Um incontável número de diamantes, era o que tinham pela frente. Estar num deserto de diamantes era a última coisa que iriam sonhar, mas era onde realmente se encontravam. E aqui, bastava apanharem uma mão cheia deles e seriam os homens mais ricos do mundo.
Mas, o ser humano é sempre ganancioso, e serem os homens mais ricos do mundo não chegava. Começaram então a procurar as maiores pedras e a guardá-las nos bolsos, que ainda não estavam rotos. Por vezes voltavam a atirar diamantes para o chão quando encontravam um maior e brincavam com isso: “Alguém poderá dar-se ao luxo de dizer que atirou ao chão diamantes de que não precisa?”.
Entretanto, andavam tão entretidos com o fascínio e o entusiasmo pelas pedras preciosas, que o interior dos lábios já se colava às gengivas e aos dentes, de tão seca que estava a sua boca. Nem se deram conta que tinham estado um dia inteiro a procurar e a apanhar os maiores e melhores diamantes. E quando já estavam satisfeitos com o número de tesouros nos seus bolsos, lembraram-se que havia algo mais precioso e que o deveriam ter procurado primeiro.
Largaram a fortuna que tinham conseguido juntar naquele dia e que os faria os homens mais ricos de sempre e foram à procura de água. Mas tudo o que encontraram foram montanhas de areia atrás de montanhas de areia, e um mar de areia ao lado de um mar de água salgada. Naquele momento, os dois marinheiros trocariam todos os diamantes do mundo por um pouco de água, mas agora era tarde de mais.
Concluindo, a ganância cegou-os, levando-os à morte, e ainda hoje os seus corpos permanecem, algures perdidos, na Costa dos Esqueletos.
Conheça aqui a nossa expedição à Namíbia!
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