Entre a Petite Côte e a fronteira da Gâmbia encontra-se um ecossistema a transbordar de vida. Reconhecido pela UNESCO como Património Mundial em 2011, o Delta do Sine-Saloum é um dos principais destinos ligados à natureza, em qualquer uma lista de lugares a visitar. 
 

Este delta, de 180 mil hectares, é uma maravilha de crua beleza natural onde os três rios Saloum, Diombos e Bandiala se fundem, levando as suas águas ricas até ao oceano Atlântico, criando uma biosfera única, repleta de profundas florestas de manguais, salinas e estuários abertos a perder de vista Aqui podemos encontrar mais de 200 pequenas ilhas que parecem emergir das águas doces, com a típica savana africana e o seu pôr do sol, tingindo o céu de tons vermelhos e violeta, e fazendo a paisagem de fundo a toda a vida selvagem e humana, nas suas simples e tranquilas vidas. 

Passeio de barco no mangual do Delta

Algumas destas ilhas são feitas pelo homem e de conchas de bivalves. Sim, o chão que pisamos na ilha Joal-Fadiouth, antiga colónia portuguesa, é feito de conchas e os nossos passos fazem pequenos e inefáveis sons que jamais esqueceremos. Um dos lugares mais icónicos desta pequena ilha é o cemitério onde as suas campas também são feitas de conchas. A maioria destas ilhas feitas pelo homem surgiram por necessidade, para ajudar na pesca, ou mesmo para servir de abrigo neste enorme delta. 

O que nos atrai ao Sine-Saloum para além das suas amáveis gentes é a vida animal que abunda tanto na água como no ar e nada melhor que um passeio de piroga para assistir a estes espetáculos da natureza. São os convidativos golfinhos que nos invejam com os seus dotes aquáticos, os caimões que nos inspiram um pouco de medo, e inúmeras espécies de peixes e moluscos que os pescadores se dedicam a pescar, rivalizando com as mais de 100 espécies de aves que aqui podemos encontrar. 

Praia numa vila piscatória do Delta do Sine Saloum
Praia numa vila piscatória do Delta

Já fora de água, na savana podemos ver os outros habitantes deste tesouro ecológico. De olhos atentos podemos ver macacos a trepar de árvore em árvore e se afirmarmos mais a vista conseguimos ver os rápidos javalis sempre acompanhados com as suas crias. Aqui, na Reserva de Fathala também podemos encontrar girafas, rinocerontes brancos, antílopes e leões. 

Mesmo se a sorte não nos acompanhar e não conseguirmos ver todos os animais que gostaríamos, pois eles só se mostram quando querem, não podemos dizer que não fomos recompensados. Passar um dia, aqui nesta terra seca ou molhada, com praias e lagos de sal coloridos, onde o tempo corre com tranquilidade, é indubitavelmente a melhor maneira de conhecer uma pequena parte do tradicional Senegal. Algo que faz contraste com as suas cidades, como Dakar, mexidas e confusas, mas não menos atraentes. 

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