Há momentos em que, com as pessoas certas ou a atividade certa, independentemente das horas que passam, o tempo parece correr num abrir e fechar de olhos. Porém, há outros certos e irritantes momentos em que uns quaisquer 10 minutos parecem horas intermináveis.
O tempo é uma ilusão, como disse uma vez Albert Einstein. É considerado uma grandeza física presente nas nossas vidas e em todas as áreas científicas e tem uma íntima relação com o espaço, matéria e energia. Foi uma solução para medirmos as nossas vidas e tudo do que ela é feita.
Há 88 milhões de anos uma enorme ilha separou-se do que é hoje a Índia, o que permitiu a que milhares de espécies de animais e plantas evoluíssem em isolamento, tornando Madagáscar um dos países com mais espécies endémicas do mundo e num paraíso para todos aqueles que o visitem.
Madagáscar é daqueles países onde ver o máximo de lugares no menor tempo possível, é simplesmente impossível, pelo menos ao nosso ritmo. E o nosso ritmo é aquele onde os dias são medidos em horas, minutos e segundos, pois aqui, nesta ilha, a manhã, a tarde ou a noite, chegam para o distinguir. Por isso, uma viagem para correr de um lado para o outro, para não chegarmos atrasados, ou com receio de perder tempo, não é a ideal para esta ilha.
Para uns o tempo é dinheiro e um minuto desperdiçado é prejuízo. Para outros é o que mais há de precioso na vida, um momento para visitar o passado, e outros vêm-no como o presente que se perde a cada segundo que passa.
São as estradas de terra batida, por vezes completamente intransponíveis, que nos fazem atrasar a chegada ao hotel; são as aldeias por onde passamos e as pessoas com quem nos cruzamos que nos ensinam a apreciar a intransitável estrada; são os ferrys improvisados de madeira que nos levam à outra margem do lago; e tudo isto é uma aventura. Uma aventura que se mantém igual a cada visita que fazemos a esta ilha singular, embora os momentos que aqui vivemos sejam todos eles diferentes.
O Índico revela-nos as suas águas quentes e translúcidas pelas praias malgaxes de areia branca. Se seguirmos para o interior, a terra vermelha, pela qual a ilha é conhecida, surge por entre as enormes árvores que desafiaram Deus por tanto crescerem e este, insultado, as virou ao contrário pela sua arrogância. Na famosa estrada dos embondeiros os viajantes tentam captar o nascer ou o pôr do sol refulgindo os embondeiros.
A circunstância cria a necessidade e por ser um país onde a pobreza é uma constante indubitável, o alimento é escasso e planeiam-se os dias de acordo com o presente e o futuro mais próximo, o amanhã; a corrida para casa, ou para a fila do mercado, ou para ir buscar os filhos, pura e simplesmente não existem, porque não é necessário. E tudo isto reflete-se principalmente numa viagem de aventura em Madagáscar, onde o conhecer não é ficar parado, mas também não é correr para todo o lado; é ir devagar pelas estradas que não nos deixam ir mais depressa, seguir entretidos com os nossos companheiros de viagem e com os malgaxes que vamos conhecendo e assistir à ilusão do tempo que aqui é medido devagar mas que quando dermos por ele o dia está a acabar.
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