Os Himbas, provenientes dos herero, são uma tribo ancestral e seminómada da Namíbia, que vive da agricultura e do pastoreio. Este povo indígena vive no norte deste país, na região Kunene mas também do outro lado do rio Kunene já em Angola.
Ao percorrer estas regiões da Namíbia cruzamo-nos com várias tribos, principalmente a tribo dos Himbas. Algumas aldeias já estão habituadas ao turismo e por isso abrem-nos as portas para visitas. O nosso guia é um familiar deles, que vai explicando o tipo de vida que levam, as dificuldades que têm e a sua arquitectura simples, mas com lógica.
Seguimos atentamente as suas explicações, e ao longe ouve-se um estrondo. As mulheres riem-se do nosso sobressalto enquanto desfazem hematite contra uma pedra para terem a quantidade de pó vermelho suficiente para se pintarem. Ficam vermelhas da cor do sangue de que são feitas, e da terra de onde vêm. É um símbolo de beleza e pode perceber-se muita coisa sobre uma mulher Himba só de olhar para ela. O necessário é entender o que significa cada ornamento, cada penteado, cada tipo de roupa que usam mesmo quando de pouca roupa se trata.
Mas aqui todos tem uma função na comunidade. Aos homens cabe-lhes a tarefa do pastoreio, da construção e da organização do conselho com os chefes das tribos. O trabalho mais árduo cabe às mulheres. Como em muitas outras culturas, tem carregar água até às vilas, cozinhar, fazer a ordenha das vacas ou das cabras e ajudar na construção das casas. E no final, ainda terá de sobrar tempo para trabalhar nos ornamentos artesanais que usam.
Mas na cultura Himba, o sinal de riqueza de um homem não está na beleza das mulheres ou nos seus ornamentos, e sim no gado que possui enquanto vivo. Tal é representado pelos chifres de gado que podemos ver nas suas campas.
Sim, esta é uma realidade para nós estranha, mas para alguns himba também já começa a ficar estranha. Em vilas mais movimentadas já os podemos ver a atender chamadas em telemóveis simples e algumas onde o seu inglês é bem perceptível e coerente. Os Himbas são um povo de sobreviventes, conseguem adaptar-se à evolução do mundo e ao mesmo tempo manter as suas raízes culturais melhor que ninguém. Sobreviveram à seca extrema, à guerra civil em Angola e principalmente ao genocídio que as forças alemãs levaram a cabo no início do século XX. Estima-se que 50% a 70% da sua população tenha sido morta. Mas mesmo com tudo isso conseguiram preservar o seu povo, cultura, costumes e tradição.
Um dos problemas com que agora se deparam e que pode ser outra ameaça à sua cultura é a vida moderna. A capital da região Kunene, Opuwo, está no coração da terra dos himbas e até há bem pouco tempo iam conseguindo evitar contacto com as culturas modernas, mas silenciosamente isso está a mudar. Hoje as gerações mais novas vão para a escola e ganham um sentido de descoberta fora da sua terra natal. Com isso, vem também o desejo de irem para as grandes cidades e inevitavelmente o desenvolvimento fará com que as raízes se vão desfazendo.
Estima-se que existam actualmente cerca de 50 mil pessoas na população himba, mas há ainda algumas tribos, mais afastadas das zonas turísticas, especialmente na região de Kaokoland, onde pouco da vida moderna chegou. Onde as crianças correm até ao caminho que percorremos, só para ver quem passa, naquela estrada por onde não passa mais ninguém e as mães chamam pelos filhos tentando afastar-nos com palavras que não entendemos.
Conheça estes povos fascinantes na nossa expedição à Namíbia – Nos trilhos dos Himbas – Aqui!
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